domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sobre Mandawa

Hoje, 15 de fevereiro, foi dia de acordar bem cedinho e aproveitar para conhecer a cidade de Mandawa.
Por volta das oito da manhã  estávamos na rua, despertando com a cidade, observando as pequenas lojas abrirem, as pessoas saírem para as ruas, as vacas entrarem nas casas... estava bem frio, como já estamos no deserto, as manhãs, os fins de tarde e as noites costumam ser assim no inverno; por causa do frio, homens e mulheres saem de casa enrolados em lenços e pequenas mantas, para nós é como se estivessem saindo embrulhadas nos cobertores!
Mug, nosso guia local, continuou nos mostrando a cidade, fomos à várias havelis e é incrível como eles desenhavam e esculpiam maravilhosamente bem... cada casa costumava demorar de dez a vinte anos pra ficar pronta, dependendo da riqueza de detalhes! É comum nas histórias, casas que começaram a ser construidas por uma determinada pessoa e foram terminadas pela próxima geração!
Fomos ao palácio de Mandawa, no ponto mais alto da cidade, uma construção semelhante à um forte, casa do marajá da cidade, que ainda vive lá, embora não seja mais representante político. Vale a pena contar aqui que os marajás são pessoas de famílias muito ricas, normalmente de linhagens puras, que no passado, principalmente na época da dominação britânica, eram os políticos da Índia... cada cidade tinha seu marajá , que governava a cidade e a representava junto a coroa. Alguns marajás eram pessoas muito boas, ajudavam a população a crescer e trabalhavam para o desenvolvimento da região, outros eram muito ruins e exploravam as pessoas da cidade, que trabalhavam somente em troca de comida, enquanto o marajá  enriquecida.
Atualmente, ainda existem muitos marajás, são as pessoas mais ricas da Índia e são respeitadas socialmente, embora, graças a revolução encabeçada pela família de Neru Gandhi e Mahatma Gandhi não tenham mais representação política oficial! A maioria partiu para o ramo de turismo e agora são  "bussiness mans".
O marajá de Mandawa transformou parte de sua enorme casa em um hotel, outra parte em um museu onde expõ e sua coleç ão de armas e "uma pequena parte" ainda é pra sua residência. Na frente do palácio tem um estacionamento de camelos!
Depois do passeio, hora de fazer negócios!  Claro que todos os guias nos levam a lojas, uma vez que eles também ganham com isso! Normalmente, nos levam a lojas de colchas, mantas, lenços, pashiminas e panôs com motivos hindus, feitos de algodão e seda. E assim foi!
Vale lembrar que ser comerciante na Índia não é uma opção, se você nasce em uma família de comerciantes, em uma casta de comerciantes, você  será  um! Eles consideram um dom ter nascido para o comércio e, portanto, fazem disso uma arte; nada na Índia tem preço fixo, o valor das coisas depende da sua habilidade em negociar com o comerciante e chegar cada vez mais próximo de um preç o justo; aqui, se você  paga o primeiro valor pedido por tal coisa, sem tentar negociar, você está ofendendo o comerciante, considerando que ele nã o tem habilidade para negociar!
Assim, fomos recebidos na loja, nos foi oferecido um sofá  confortável e chai enquanto observávamos a demonstração dos produtos. Depois de assistir a demonstração, é hora de dizer de quais produtos você  gostou e de quais você não gostou! Dos produtos que você  gostou, surgirão outros de diversas cores e tamanhos; quanto mais empolgado você  se mostrar, mais caro produto ficará. Nesta loja, depois de um pouco de negociação, compramos um panô  de elefante, lindo de viver... acho que ainda pagamos um pouco caro para os padrões indianos, mas chegaremos lá como negociantes!
Após uma manhã muito agradável, hora de voltar para o hotel, fazer check out e pegar a estrada rumo a Bikaner.
Nosso caminho agora tem o deserto dos lados... a paisagem mudou bruscamente, não mais campos de flores amarelas, agora só o deserto com algumas casinhas típicas, de pau a pique, rebanhos de ovelhas e cabras, camelos carregando coisas e pessoas indo para os templos ou para o trabalho em algum lugar próximo. Quando nos aproximamos das cidades, agora mais distantes umas das outras, o movimento aumenta. A única exceção para a escassez de movimento no deserto são as vacas, essas estão por toda parte.
Paramos um pouco para almoçar uma típica e gostosa comida indiana em um restaurante de beira de estrada.

Próxima parada, o templo dos ratos: Karni Mata. O templo é dedicado à Karni Mata, encarnação de Durga, deusa hindu. As pessoas consideram que os ratos são encarnações de homens santos, que são como guarda-costas,  protetores, de Karni Mata e, conseqüentemente de seu templo; por causa disso, alimentam e protegem os ratos, objetivando mais proteção. Vale lembrar que existem muitos deuses na Índia e muitas crenças, então, é difícil encontrar uma única versão sobre histórias; essa foi a versão contada para nós por nosso guia e pelo nosso livro, mas cada hindu terá uma história diferente para contar sobre seus deuses e templos.
Para entrar no templo, é claro, precisamos tirar os sapatos!  Para quem quiser, há aluguel de pantufas,  o que nós quisemos,  é claro! Há ratos por toda parte, toda parte mesmo, mas o cheiro não é tão ruim quanto eu achei que seria... é suportável até certo ponto. As pessoas vêm ao templo trazendo doces e grãos para os ratos, bem como leite, que é precioso aqui. É impressionante como eles cuidam dos bichos!  Dentro do templo há um altar com a imagem de Karni Mata e lá, são colocadas as comidas para os ratos, para que eles fiquem bem perto da encarnação da deusa. As pessoas deitam no chão, ajoelham-se,  beijam o chão sagrado do templo enquanto rezam para deusa e pedem coisas. Cuidam dos ratos para que protejam sua deusa! É estranho de presenciar, a sujeira e tudo mais, mas é lindo de ver a fé, como disse o Daniel aqui, e o quanto as pessoas REALMENTE ACREDITAM!
Nós não conseguimos ficar muito tempo lá... estava tendo um casamento também, e saímos do templo. Na saída, tinha uma vaca tentando comer a comida deixada para os ratos e, surpreendentemente,  as pessoas não deixaram!  A vaca pode até ser sagrada, mas ali o lugar é dos ratos protetores.
Uma vez fora do templo, estávamos desejando tomar banho de álcool gel, mas nosso guia,  Mr Shiam,  teve a brilhante idéia de tomar um chai! E ele queria que eu e Dani também tomassemos... ao que parece,  ele acredita em Karni Mata e estava feliz em nos levar ali. Como dizemos, se tá na chuva é pra se molhar, lá fomos nós tomar um chai  em uma biboca  na beira da estrada, nos arredores do templo. Af! Graças à Durga isso acabou e seguimos viagem... valeu pela experiência! Diz o Dani,  que foi uma das experiências mais interessantes de sua vida!

Chegamos em Bikaner,  uma grande cidade, já estava de noite, então fizemos nosso check in e fomos andar um pouco no movimentado bazar, o centro comercial. Incrível!  Um trânsito infernal, principalmente de tuctucs e motos, muitos letreiros luminosos, como NY na Índia! Todas as pessoas com trajes típicos, quase ninguém com roupas ocidentais e lojinhas de tudo quanto é tipo.
Fomos abordados por um homem que queria nos levar para um restaurante thali,  de comida veg,  o que nós obviamente não aceitamos. Depois, fomos abordados por um oficial do exército, que queria apenas nos conhecer e nos contar, com muito orgulho, que servia as forças armadas da Índia.  Por fim, um rapaz ficou nos seguindo por um longo tempo, chegamos a parar para perguntar-lhe "ei, tudo bem? ", mas, provavelmente era só curiosidade mesmo!  Kkkkk
Bom, fim do dia e da noite, voltamos, jantamos no hotel e cama!
Boa noite pra vcs! Até amanhã!

2 comentários:

  1. Nossa, mtos e mtos ratos mesmo!!!! Urgh!!!
    E o chai eh bom?! Sou curiosa pra saber o gosto!

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  2. O Dani gostou do chai Paulinha, eu não.... É basicamente água, leite se soja, massala, gengibre e algumas outras especiarias!

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