terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pushkar, uma feliz mudança de rota!

Namastê!
Teoricamente, hoje nos despediríamos de Udaipur e viajaríamos  para Jaipur,  a capital do Rajastan. No entanto, nosso Mr. Shiam nos sugeriu passar uma noite em Pushkar, disse que é uma cidade sagrada e que seria uma pena perder. Disse também que Jaipur é uma cidade grande e muitos dias lá pode ser chato...assim, cancelamos nossa reserva da primeira noite em Jaipur e partimos a caminho de Pushkar, a cidade sagrada.
No caminho, estradas sinuosas, macacos, paisagens verdes e a cidade de Ajmer, cidade com predomínio muçulmano, onde há muitas mesquitas. Aqui as roupas e as pessoas são diferentes e passamos até mesmo por um cemitério, o que normalmente não há nas cidades de predomínio hindu.
Chegamos em Pushkar no fim da tarde. Na frente do nosso hotel, reservado por Mr. Shiam, tinha um estacionamento de camelo! Tão engraçado! Os camelos deitados comportadamente,  um ao lado do outro, alinhados! Coisas que só a Índia faz por você!
Bom, fizemos check in e logo saímos para conhecer a cidade. Fomos com um guia local, já que teríamos pouco tempo aqui.
Primeiramente! Fomos ao único templo no mundo erguido para o deus Brahma. Diz a história/mitologia (aqui a mitologia faz parte da história de um modo tão profundo que e difícil separar) que Brahma, o criador, era casado com Savitri e, uma vez, durante sua ausência, contraiu uma segunda esposa, Gayatri. Quando Savitri soube, ficou imensamente magoada e irada,  afinal havia dedicado toda sua vida a Brahma e considerou uma traição o segundo casamento do criador.
Brahma amava Savitri, mas apesar de seus esforços, ela nunca o perdoou e nunca voltou a viver em sua companhia. Pelo contrário! Diz-se que Savitri rogou uma maldição e, por causa da traição de Brahma, somente um templo em todo o mundo seria erguido para ele, em Pushkar. Além disso, este templo não receberia nenhuma doação em dinheiro e tampouco as pessoas levariam doces, flores ou outros presentes para Brahma.
Vale dizer que algumas pessoas tentaram construir outros templos, mas dizem que todos que tentaram morreram, de modo que não se tenta mais.
Há ainda na cidade, um templo para cada uma das esposas, cada um em um morro, em lados opostos da cidade.  
Bom, mas Pushkar é sagrada não só pelo templo de Brahma. Há também um lago sagrado, cuja história diz que uma flor de Lotus soprada das mãos de Brahma, viajou muito tempo no vento até cair em Pushkar. Quando caiu, fez brotar água do chão árido e nascer uma lago, que nunca secou, mesmo nos anos em que as monções não vieram. Hoje, acredita-se que o lago é sagrado e pessoas vêm de todas as partes da Índia para banhar-se, orar e até mesmo beber água do lago.
As cinzas de Nehru Gandhi, Mahatma Gandhi e Indira Gandhi foram depositadas aqui. É aqui também que as pessoas fazem doações que servem para manter a limpeza do lago, o templo de Brahma e algumas famílias de brâmanes pobres que vivem em Pushkar. Por fim, o lago tem mais uma finalidade: os hindus acreditam que pessoas que morrem de acidente, por não ser uma morte natural, não teriam direito ao paraíso e ficariam presas na roda das reencarnações. Assim, quando alguém morre por acidente, a família peregrina até Pushkar para orar no lago sagrado em buscava libertação da alma de seu ente querido.
Quando chegamos ao lago, após conhecer o templo de Brahma e alguns outros na cidade, que aliás tem mais de 500 templos, experimentamos uma emoção indescritível. Acompanhados por um brâmane (casta dos filhos de Brahma: religiosos e intelectuais), oferecemos nossas flores no lago sagrado, enquanto podíamos aos deuses por todas as pessoas que amamos!
Não sei ao certo o que penso sobre sagrado e deuses indianos, mas sei que a energia daquele lugar é imensa! Certamente Deus, o deus de cada um de nós,  está presente naquele lugar, fazendo de lá sua casa e esperando para nos escutar!
Findada esta experiência, ainda fomos presenteados com o pôr do sol no lago e depois saímos para andar pelo mercado local de Pushkar e jantar. Certamente esta cidade tem o melhor mercado de todos os lugares que estivemos até agora na Índia! Tudo que você quiser tem... Roupas, doces, incensos, óleos, sapatos,  bolsas, comida, artesanato, roupa de bebê, etc! Sensacional!
Fizemos compras, é claro, e depois jantamos em um restaurante em que o dono permitiu que o Dani ficasse na cozinha, aprendendo algumas coisas... nem preciso dizer que a criatura aqui ficou feliz que nem pinto no lixo, né!?
Na saída, ainda vimos outro casamento! Ahá! Tão bonito... noivo em cavalo branco e com roupa de casamento, familiares com roupas festivas, cantando e dançando pelas ruas!
Voltamos pro hotel de tuctuc,  falamos com a família no Brasil e fomos descansar o corpo e os corações, transbordando de tantas experiências sagradas!
Boa noite,  Namastê!

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