Caminho e chegada a Jodhpur... a cidade azul, já que aqui todas as cidades têm uma cor!

Bom dia pra vcs!
Estou atrasada com as postagens, mas antes de continuar, preciso contar algumas curiosidades que são atemporais:
- as pessoas na Índia não usam aparelhos nos dentes e, portanto, não sabem o que é isso... desde que chegamos, muitas pessoas já me perguntaram o que é isso nos meus dentes, pra que que serve e até mesmo se são jóias, só pra enfeitar! Isso quando não ficam só olhando para minha boca, com cara de espanto, sem coragem de perguntar! É muito engraçado!
- as ruas aqui não têm calçadas, nenhuma mesmo, nem em Delhi! Algumas pequenas calçadinhas são feitas pelos comerciantes, mas nada além disso!
Aí, considerando o trânsito daqui, você pensa o impacto que a falta de calçadas tem no número de businadas, já que gente, animal, bicicleta, moto, tuctuc e carro estão juntos e misturados! Só vendo!
- por último, mas não menos importante, tenho que dizer que é impressionante a quantidade de animais nas ruas indianas e como eles convivem bem com os humanos e vice versa. Claro que em algumas regiões há mais de um animal do que de outro, mas, no geral, já vimos cachorros, gatos, incontáveis vacas, búfalos, cavalos, burros, cabras, ovelhas, porcos, camelos, elefantes, galinhas, pavões, macacos, esquilos e cervos (estes últimos só na estrada)! É  impressionante e lindo! As pessoas cuidam e alimentam os bichos, que se mantém perto por causa disso, em uma convivência amigável!

Mas, vamos lá! Voltando a ordem cronológica dos acontecimentos, hoje, dia 19 de fevereiro, acordados, tomamos café e saímos rumo a Jodhpur. Nosso caminho começou a apresentar algumas mudanças a medida que lentamente nos afastamos do árido deserto de Thar; devagar começaram a surgir novamente plantações de vagem,  o número de pessoas e animais que encontrávamos ia aumentando cada vez mais... chegamos a ver uma cafta com mais de 35 camelos,  muitas mulheres trabalhando e caravanas de pessoas indo para templos próximos com bandeiras, flores e enfeites para seus deuses.
Essa foi a viagem mais curta que fizemos até agora, cerca de três ou quatro horas.
Nossa primeira parada foi antes de chegar a cidade, no Fort de Jodhpur, o Mehrangarh Fort, que tem visita com guia de áudio (alguns outros museus também têm, tinha esquecido de contar... muito bom).
Este Fort foi construído no alto da cidade e agora ganha o título de mais imponente que já visitamos,  destronando Jaisalmer. Aqui não há uma cidade dentro dos muros do forte, só o palácio, antes sede do governo e residência do marajá, agora museu. Como eu disse antes, as histórias se repetem e aqui não é diferente, mas vou me deter em contar pra vocês uma história de amor vivida dentro das paredes deste palácio.

Aqui vivia uma princesa e em uma cidade vizinha vivia um príncipe. As famílias eram inimigas políticas e os dois seguer se conheciam. Um dia, o príncipe saiu de seu palácio em uma expedição de caça junto com outros homens e, quando ele estava nos arredores do palácio da princesa, eles se viram. A princesa, curiosa por saber quem era aquele homem, mandou um de seus criados falar com ele... o criado foi e promoveu um encontro dos dois naquela noite.
Obviamente os dois se apaixonaram, mas, como as famílias era inimigas, esta paixão não seria permitida. Assim, o príncipe, que já era casado com algumas mulheres, saía todas as noites em seu camelo, atravessava terras e um rio até chegar no palácio da princesa e poder passar as noites com ela... era acobertado por criados da princesa e pela irmã dela, que sabia do romance proibido, embora nunca tivesse visto o príncipe.
Após se passarem meses, o pai do príncipe começou a se preocupar, pois suas noras nunca engravidavam... foi falar com elas e elas lhe contaram que o príncipe não dormia com nenhuma delas, mas sim, saía todas as noites em um camelo, voltando só na manhã seguinte. O rei havia decidido seguir o príncipe, mas antes que ele o fizesse, um infortúnio aconteceu.
A irmã da princesa queria muito conhecer aquele homem que roubara o coração de sua irmã. Então, as duas combinaram que ela ficaria com a princesa em seu quarto, esperando pelo príncipe. Mas, naquela noite, o príncipe se atrasou devido a desconfiança de seu pai e quando chegou, encontrou a princesa na cama com o que pensou ser outro homem! Ele foi embora furioso, imaginando ter sido traído e sem saber que na verdade era a irmã da princesa que estava em sua cama.
Alguns dias se passaram e ele não mais apareceu. As duas princesas foram ao seu reino para explicar o ocorrido, mas ele não as recebeu... a princesa desolada,  passou a vagar pelo deserto, sem nenhum sentido para sua vida sem o seu amado.
Algum tempo depois, quando o príncipe finalmente caiu em si e percebeu a Parteveracidade da história, saiu pelo deserto em busca de sua amada, que infelizmente já havia padecido.

Uma história de Romeu e Julieta indiana, verídica e sem final feliz.

Voltando... conhecemos o Fort, de onde se tem uma linda vista da cidade, em que muitas casas são pintadas de azul. Na Índia,  cada casta é representada por uma cor, a cor azul é usada pelos brâmanes,  casta de sacerdotes e estudiosos. Em Jodhpur, viviam muitos brâmanes,  que pintavam suas casas de azul para que as pessoas soubessem que ali moravam pessoas desta casta. Hoje em dia, qualquer um pode pintar sua casa de azul, de modo que quase todas as casas são desta cor... e é isso que você vê do alto do Fort, um presépio azul! Muito lindo e transbordando história.
Depois, fomos em mais um cenotáfio,  muito lindo, mas estava fechado para visitação, então ficamos só com as fotos de fora.
Fomos para o hotel, check in e depois sair pela cidade.
Jodhpur têm um mercado chamado Sadar Bazar, maravilhoso! A céu aberto, um trânsito de turistas e pessoas locais, tudo junto e misturado! Como a cidade é famosa pelos temperos, pimentas e chás, lá fomos nós atrás das tão famosas especiarias indianas. Experimentamos e cheiramos toda sorte de chás e temperos que vocês puderem imaginar... muitos espirros! Há diversas lojas aqui e gostamos de uma, no mercado, cujo proprietário tem uma fazenda que produz grande parte das coisas que ele vende, principalmente baunilha e açafrão. Também gostamos de uma outra que tinha o melhor chá de chocolate do mundo, talvez! Mas, como compramos algumas coisas na banca do mercado, a do fazendeiro, o rapaz da loja do chá de chocolate ficou bravinho! Pode isso!?
Mas, bravesas a parte, é tudo verdade o que falam sobre as especiarias daqui! É maravilhoso! Eles têm temperos diferentes para cada coisa e tudo de excelente qualidade! Aproveito para contar, que o que chamamos de curry no ocidente, aqui eles chamam de massala e, existem diferentes tipos de massala...  para arroz, salada, fruta, ave, peixe, vegetais e até para o chai! 
Além disso, ainda provamos biscoitinhos e doces indianos, e jantamos em um restaurante a céu aberto, com estrelas e luz da lua, com vista para o Fort, uma comida super picante,  mas gostosa!

Acho que foi isso... boa noite e até amanhã.