sexta-feira, 1 de março de 2013

Passando por Fathepur Sikri, que eu achei que era a única cidade murada!

Namastê!
E hoje é dia de viagem, então acordamos, tomamos café e pé na estrada!
Nosso destino era Agra, estava chegando a hora do Taj Mahal, mas antes passaríamos por Fathepur Sikri, a cidade murada. Quando eu estava planejando a viagem, não tinha idéia de que quase todas as cidades do Rajastan possuíam uma parte que era murada, toda vez que eu lia sobre Fathepur Sikri, ficava pensando em quão sensacional seria conhecer uma cidade meio medieval, que havia crescido dentro de um muro... agora, depois de conhecer várias cidades do Rajastan, já não tenho mais o encantamento de quando estava planejando! Mas, vamos lá, porque cada lugar é único e reserva surpresas diferentes.
Nosso caminho agora é de rodovias maiores, com pistas duplas, mais conforto e menos medo no trânsito caótico.
Quando chegamos em Fathepur Sikri, era meio de tarde, o sol estava bem quente ainda e começamos a descobrir os segredos daquele lugar. Como segredos às vezes são bons e outras vezes não, vamos começar pela parte ruim.
A cidade murada é isolada no alto de um platô e assim que chegamos nos disseram que carros não podiam subir, que era preciso parar em um estacionamento e subir de tuctuc... na verdade você já fazia um pacote, contratava um tuctuc pra subir e depois descer e neste valor já estava incluso um guia que explicaria sobre a antiga cidade. Como essa era a opção, lá fomos nós! Nosso simpático e prestativo guia chamava-se Abdu e, segundo ele e nosso livro, a história deste lugar é a seguinte:
A cidade foi construída por Akbar, imperador mogul que não podia ter filhos, como uma forma de agradecimento a Salim Chishti, santo sufi que previu que Akbar teria descendentes. Conta a história que quando uma de suas 19 mulheres engravidou após a previsão de Salim, Akbar ficou tão satisfeito que construiu a cidade murada no lugar onde o santo já vivia, a transformou em capital do império mogul e viveu lá por mais de quinze anos, tendo ido embora para Agra somente porque não havia mais água no lugar.
Vale dizer que Akbar ficou tão agradecido com a previsão de Salim Chishti, que mandou construir para ele um túmulo de mármore branco dentro da cidade, o qual possui um dossel de sândalo incrustado de madrepérolas.
Mas, depois de ter sido abandonada, grande parte dos tesouros da cidade foi saqueada e a cidade só está um bom estado de conservação atualmente porque um vice rei a recuperou.
Nem preciso dizer que, assim que as pessoas souberam que Akbar teve um filho após a previsão de Salim, o homem que já era santo virou santíssimo. Já há alguns anos, milhares de peregrinos vêm até Fathepur Sikri para visitar o túmulo de Salim e fazer pedidos, especialmente mulheres pedindo para engravidar.
Mas, essa é a parte boa da história e, como toda história tem dois lados, preciso contar a parte não tão bacana. Algumas pessoas fizeram desta coisa de pedidos um grande comércio. Vendedores ambulantes querem que você compre fitinhas para amarrar no túmulo e fazer os pedidos! Agora, se você tiver pedidos mais complexos, você pode comprar pedaços de tecido, que estão a venda em todos os tamanhos e valores, para serem colocados no túmulo em troca do pedido. Dizem eles, que os tecidos são doados para mulheres pobres e o dinheiro da compra é revertido para uma escola que funciona em parte do complexo. Nós optamos somente por visitar!
Falando mais um pouquinho sobre a cidade em si, os trabalhos em mármore feitos no túmulo são belíssimos! Há treliças tão finamente esculpidas que olhando de longe parecem vidro! Ainda hoje, artesãos locais fazem trabalhos de escultura em mármore que vale a pena ao menos conhecer.
Bom, chegando no fim do passeio, na saída da cidade, depois de nos livrarmos de um montão de vendedores chatos, um homem veio falar conosco... perguntou se éramos brasileiros, falamos que sim e ele surgiu com duzentos e poucos REAIS, pedindo que trocássemos para ele, pois havia recebido de alguns turistas e não conseguia trocar nas casas de câmbio! Oi? Bom, as notas pareciam verdadeiras, mas como seguro morreu de velho, pedimos desculpas, dissemos que não estávamos com dinheiro suficiente para trocar e fomos embora!
Mais um lugar conhecido e apreciado! Fathepur Sikri não é só mais uma cidade murada, é a cidade murada! Arquitetura encantadora, simetria absoluta e um quê de boas energias, apesar do comércio excessivo!
Agora, partimos para Agra! Pensem em um trânsito caótico, então... multiplique por 100 e você estará perto do que passamos! Definitivamente a Índia deixa São Paulo no chinelo, mesmo se for véspera de feriado prolongado na capital paulista! Como diz o Dani, pensa na 25 de março em semana de natal, coloque vacas, demais animais, tuctucs e riquishaw... é por aí!
Resultado: chegamos em Agra só de noite!
Ahhh, estava tendo um festival!!! Fiquei imensamente feliz, pois os festivais são famosos aqui e achei que não pegaríamos nenhum! Mas, primeiro precisávamos fazer check in e tudo mais!
Nosso hotel aqui é bem bacana! Fomos recebidos com música e dança, que se repetiam sempre que passávamos na recepção! Tinha um senhor de sapatos de bico virado pra cima e bigodões que emendavam nos cabelos que ficava na recepção só para abrir as portas e, o mais importante, tinha vista para o Taj Mahal!
Deixamos nossas malas no quarto e saímos rapidamente para o topo do hotel para a ver um dos palácios mais famosos do mundo... qual não foi nossa surpresa quando chegamos lá, olhamos para o Taj e... não vimos nada! Isso mesmo! Ao contrário do que pensávamos, o Taj não é iluminado a noite, então simplesmente não da pra ver nada!
Bom, saímos meio desconsolados e fomos andar "no festival"! É muito parecido com a Fapija (festa agropecuária de Jacarei)! Muitas barraquinhas de comida, de tranqueiras, roupas, móveis... como estávamos bem cansados, só tomamos um sorvete e voltamos pro hotel.
Amanhã será dia de nascer do sol no Taj, então o festival pode esperar!
Boa noite!

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