sábado, 2 de março de 2013

Dia de história de amor!

Bom dia pra quem é de dia!
Bom, para me fazer acordar cedo, digo, às seis da manhã, só o nascer do sol iluminando o Taj Mahal! E foi assim que o dia começou, acordando cedinho pra estar antes das sete no Taj e assistir a luz laranja do sol nascente pintar, aos poucos, o grande palácio branco.
Mas... temos um caminho a percorrer antes de chegar lá! O local onde os tickets para o Taj são vendidos é a dois km da entrada, mas apenas duzentos metros do nosso hotel. Cada entrada custa 750 rúpias, mais ou menos 40 reais, e inclui a entrada, um par de meias descartáveis, uma garrafinha de água e o transporte de ida e volta em um daqueles carrinhos de golfe, um pouco maiores! Compramos nossas entradas, entramos no carrinho e partimos.
Já tínhamos sido avisados pelo nosso motorista que uma série de coisas não podiam entrar, a segurança é bem rígida no Taj, assim, verificamos nossas coisas antes de sair... não adiantou! Quando fomos passar pela revista, a policial encanou com o tripé da minha máquina e algumas balas de erva doce que o Daniel tinha comprado. Tive que sair e procurar um lugar para guardar... claro que tinha alguém pronto a ajudar, o rapaz de uma loja me deu um cartão, falou que guardaria e eu poderia pegar na saída... ahã... já vou adiantar que na saída a loja estava fechada e lá se foi nosso tripé! Sorte que não era um mega tripé...
Esqueci de contar que o Taj tem áudio guia! São 118 rúpias por pessoa, 236 para nós dois, mas na realidade 250, já que o rapaz "não tinha troco"!
Ok, chegamos! Antes do principal, vamos começar pelos portões... o Taj tem dois portões, um leste e um oeste, que são hoje as entradas de visitantes. Estes dois são idênticos, característica da arquitetura mogul islâmica. Depois, há o portão sul, que se abre para um mercado, este é um pouco maior que os outros dois, mas não tão grande quanto o norte, o portão de entrada para o Taj. Todos os portões dão para um pátio interno, com lindo jardim e cerca de 125 dormitórios, usados até hoje pelas pessoas responsáveis pela manutenção do monumento... já pensou em morar no Taj Mahal!?
Agora, vamos ao portão norte: é o maior deles e está decorado com versos do alcorão que dizem "... "; o tamanho dos versos aumenta conforme o arco fica mais alto, criando uma ilusão de óptica sutil de uma escrita uniforme! Eis que você atravessa o portão e parece que o tempo pára um pouquinho. Lá na frente se ergue imponente o Taj Mahal, refletindo sua beleza indescritível no espelho d'água que se estende a sua frente e sendo complementado pelo verde e colorido de seus jardins!
Este palácio, que na verdade é um túmulo-jardim, foi construído pelo imperador mogul Shah Jahan, para sua esposa preferida e grande amor de sua vida, Mumtaz Mahal, que morreu no parto do décimo sexto herdeiro do imperador. Contam por aqui que ela foi uma excelente maharani, muito atenciosa e prestativa, sempre envolvida com questões sociais... excelente mãe, na ocasião de sua morte, teria pedido a Shah Jahan somente que cuidasse de seus filhos. O fato é que, segundo a história, Shah Jahan ficou inconsolável após a morte da amada, vestiu branco, a cor do luto aqui, por anos e alguns dizem que jamais se recuperou. Sua intenção ao construir o Taj Mahal foi proporcionar para Mumtaz Mahal uma imagem dos jardins do paraíso na terra. O palácio foi construído em mármore branco, rodeado por jardins belíssimos, uma casa de hóspedes e uma mesquita. Está posto a beira do rio Yamuna, sagrado, que proporciona melhores defesas ao palácio e, em contrapartida, o palácio oferece uma vista maravilhosa para qualquer pessoa que faça a curva no rio e se depare com sua beleza. Os jardins do Taj são muito bem cuidados e oferecem morada para diversos pássaros e para esquilos. Várias pessoas cuidam da manutenção dos jardins e dos espelhos d'água.
O Taj Mahal é incrivelmente simétrico, todos os quatro lados são exatamente iguais. Há finas telas esculpidas em mármore, como treliças de diferentes desenhos, há quatro minaretes em volta do túmulo, levemente inclinados tanto para impedir que em caso de acidente caíssem no palácio, quanto para proporcionar melhor aparência estética; há o fino trabalho de pietre dure, que consiste em marchetar pedras preciosas no mármore branco, no formato das flores paraíso! A única exceção à simetria do Taj é a disposição dos túmulos na câmara mortuária, pois o túmulo de Mumtaz Mahal está ao centro e o de Shah Jahan está ao lado. Alguns estudiosos dizem que isso é um erro, pois Shah Jahan não teria planejado colocar o próprio túmulo no Taj... vai saber. Voltando um pouquinho na história, só queria dizer que este romance tem um final ainda mais triste, pois Shah Jahan passou os últimos anos de sua vida aprisionado pelo filho Aurangzeb em uma torre do forte de Agra, de onde se tinha uma linda vista do Taj Mahal, onde jazia sua Mumtaz Mahal.
Bom, nós passamos seis horas no Taj... explorando cada pedacinho de construção e de jardim, registrando os momentos e ouvindo a história daquele lugar repetidas vezes. É emocionante pensar no que Shah Jahan fez... não exatamente em ter construído uma das maravilhas do mundo, embora isso também, mas em amar tanto uma pessoa a ponto de fazer para ela uma imagem dos jardins do paraíso! Fico pensando no contexto religioso dessas pessoas e imagino o quão grandioso é, mesmo pós morte, ser presenteada com a imagem do paraíso na terra!
Afirmo pra vocês que o paraíso terrestre de Mumtaz Mahal é maravilhoso e não sei se é possível descrevê-lo em palavras... sei que agradeço muito por poder olhar para isso, sem lentes ou telas, ao lado da pessoa que eu amo e desejar que nossa história seja feliz por mais tempo, mas tão intensa quanto a de Mumtaz Mahal e Shah Jahan.
Ok... fim do capítulo especial do Taj Mahal, jaja conto mais sobre Agra!

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